Um risco de suor
crava aquele rosto no meio do dia
concreta a pele cozida pelo mormaço da hora
ainda há bafos de arrotos do almoço mal digerido
andou comendo lesmas refogadas num caldo de ácido
a quentura ferve em um hálito de nuvens
que se desfazem com a luz do sol
Furiosa, a atmosfera racha face a ilusões
Um suspiro mirrado trilha órbitas distantes
Entoa ecos de aves ossudas
Do alto daquele céu cego, o aço cintila sons
Que brilham no esquecimento desse que desce
Que curva diante da displicência de sombras
Da solidão seca da luz chapada
Da vida sem nuances
Do brilho do asfalto escuro
Essas são as minhas poesias, feitas há tempos, de tempos em tempos, que compilei em um livro, ainda não publicado, por ora chamado de Versos Primos. São de Preto, porque são minhas, Preto Moraes. São de preto,porque sou negro. São de preto, porque me cai bem seja como for, porque me lembra quem sou. São de preto mas são multicores
terça-feira, 28 de agosto de 2007
domingo, 19 de agosto de 2007
Encarna
À tarde, domingo cai vermelho
pende para a escuridão
pensa nos olhos encarniçados
sangra à despedida do começo
pisca na realidade de uma pomba
que embica na solidez do aço
e guarnece o pôr com sua natureza impar
às tardes, a de domingo péla ossos quebradiços de branco
do incerto futuro desabitado
sem pegadas
pronto para ser encarado
terça-feira, 14 de agosto de 2007
aqui e não ali
o que lhe cai em uma tarde de chuva
na qual exalas o que não consegue reter?
Que opções podem a ti arrastar dessa cama incômoda
dessas marcas e cheiros que pesam?
poderia mensurar o tempo
soma um a um os segundos
até ninar um minuto
repetir
e
chegar ao meio termo das horas
e
depois ir a elas crente
poderia ainda
depor o depois
e encher as horas de ti
tudo sem sair da cama
sem desprender-se do conforto
sem arriscar-se à linha
e expor-se ao sol sem vento
para proteger-se da luz de fora
resguardar o que é ainda
aqui e não ali
na qual exalas o que não consegue reter?
Que opções podem a ti arrastar dessa cama incômoda
dessas marcas e cheiros que pesam?
poderia mensurar o tempo
soma um a um os segundos
até ninar um minuto
repetir
e
chegar ao meio termo das horas
e
depois ir a elas crente
poderia ainda
depor o depois
e encher as horas de ti
tudo sem sair da cama
sem desprender-se do conforto
sem arriscar-se à linha
e expor-se ao sol sem vento
para proteger-se da luz de fora
resguardar o que é ainda
aqui e não ali
Me-ditando imagens
De frente para a TV
Medito imagens
Esqueço dos meus
E atiro-me aos outros
Perco sentidos
Arrumo aqui e ali
Mas nada conforta
As imagens não grudam
Passam, passam
E passando acumulam vazios
intervalos de cílios
Quando estou averso
dou trela para a tela
Quando estou em pó
Dissolvo-me em um nó
Quando estou viscoso
Grudo-me de remorsos
finco as unhas na imagem
e agarro naquela
em que me teletranstorno
Desvirtuo-me
Para criar realidades
Que a mim suportem
E que me esqueçam sob os lençóis
Onde desfragmento-me em frente a bela
e reconheço em vários...um eu
Sem janelas
Perdi as janelas
as minhas
Fiquei sem horizonte
A ver o escuro rente a mim
solidificando possibilidades
enraizando breus que ameaçam a minha lucidez
Fiquei alheio
Excluído do que observava pelas minhas janelas
Tiradas de mim
sem espaço vazios
com ausências preenchidas
pelo que mais temia
A imagem dos outros
agora refletia em mim
não mais as observava
agora as sentia
O espelho grudado na mente enferrujou
O tempo contado não passava
Fiquei eternamente em mim
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